Hoje ficou mais fácil.
Eu te mando uma mensagem, você responde. E o contrário igual.
A gente passa dias assim.
A gente vive profundas histórias assim.
Hoje é bem mais simples conversar.

O jeito de se comunicar mudou, mas as coisas que sentimos não.
Do ponto de vista sobre os comandos do nosso coração, tudo continua igual: a gente gosta do mesmo jeito que antes. A gente deixa de gostar do mesmo jeito que antes. A gente começa a sentir e deixamos de sentir.

O problema é que o que deveria ser uma solução, muitas vezes, é um disfarce. Essa facilidade em conversar desperta covardia em nós.

Será que a gente teria a mesma coragem de falar pessoalmente todas as coisas que a gente escreve e manda para alguém? Especialmente as coisas ruins?
É cada vez mais comum conhecer alguém que teve uma história terminada por Whatsapp.

“E vocês lá, como andam?”
“Não anda, terminamos”
“Como assim?”
“Assim: vou te mostrar a mensagem que recebi”

É um teclado na mão, emoji e bênção.

Esse fato acontece também sobre discussões entre família ou amigos.
E aí me vi pensando: você conseguiria falar tudo o que escreve também pessoalmente?

Alguma coisa me diz que seria 100% mais difícil e explico.
Acho que a gente não pensa no que escreve. A gente só escreve. E o teste para isso é contar para alguém o que você está sentindo antes de escrever e mandar para quem, na sua cabeça, precisa receber. Muito provavelmente, por ser uma conversa pessoalmente, você usaria uma estrutura de argumentação diferente daquela usada na escrita; haveria o ingrediente da reação instantânea da pessoa e, por isso, a chance de você refletir e concluir que seu “nem é tudo isso”, por exemplo, é gigante.

Ao meu ver isso acontece porque a gente foge de diálogos.
A gente foge de expor nossa fraqueza. A gente foge de ter um defeito ou erro nosso elucidado. A gente teme sermos vistos como inferiores em qualquer tópico na nossa vida. Quando falamos sobre relacionamentos, inclusive, o buraco fica mais embaixo porque tem uma pessoa que vai ouvir o que queremos dizer e ter que lidar com um sentimento. Não há quem gosta de expor as próprias fraquezas, mas a gente não precisa transformá-las em demônios.


Hoje ficou mais fácil.
Eu te mando uma mensagem, você responde.
Você me manda uma mensagem, eu respondo.
Mas será que se fosse um assunto mais difícil, eu falaria as mesmas coisas que escreveria para você?

O que fica no meio disso é um lembrete: quem vai ler o que você tem para escrever é uma pessoa igual a você, com fraquezas e fortalezas.

Então, por favor, pensa bem antes de acreditar que, em determinados assuntos, uma mensagem é o bastante. Pensa bem como você se sentira ao ler o que você planeja escrever.

por Crystopher Plekanovsly

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