No governo de Jair Bolsonaro, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES, emprestou R$ 160 mil a uma associação de tiro esportivo, quebrando regras internas que proíbem o incentivo ao comércio de armas.

Sede do BNDES, no Rio de Janeiro

A beneficiária do financiamento é a Rodrigo Bastos Associação de Tiro Esportivo, que funciona no município de Guarapuava, no Paraná, e atua como estande de tiro, loja de armas e promotora de eventos.

O dono da loja é o medalhista pan-americano na modalidade de tiro ao prato Rodrigo Pimentel Bastos. Ele argumenta que o financiamento não foi irregular porque os recursos foram usados para a compra de um carro, e não para a atividade-fim da associação. A transação foi feita em dezembro de 2021.

“Tive que mudar alguns requisitos da associação para obter essa situação (o financiamento). A associação não é só um clube de tiro. Promovemos eventos, viagens, palestras, bastante coisa. Esse veículo é usado para a associação, viagem, eventos, coisas que preciso carregar”, diz Bastos.

Nas redes sociais do atirador era possível encontrar, até dias atrás, posts com viés claramente bolsonarista — um vídeo publicado por ele no Instagram reproduzia propaganda de Waldir Ferraz, amigo do peito do presidente da República e candidato derrotado a deputado federal no Rio, com ataques à senadora e ex-presidenciável Simone Tebet.

À coluna, o BNDES argumentou que não viu irregularidade no empréstimo porque no cadastro da associação na Receita Federal consta que as atividades da entidade são “produção de eventos esportivos, ensino de esportes e outras atividades esportivas”.

O banco afirmou, porém, que vai rechecar o financiamento. “Uma vez gerada a dúvida acerca das atividades desenvolvidas pela empresa, o Departamento de Conformidade e Prevenção a Fraudes em operações indiretas automáticas do BNDES abrirá procedimento de acompanhamento da operação. Caso seja confirmada a denúncia, as medidas cabíveis serão tomadas”, diz nota enviada pela instituição.

Apesar de deixar explícito em seu site que “não financia comércio varejista de armas para qualquer instituição”, não é a primeira vez que o BNDES quebra as próprias regras. O banco já emprestou dinheiro à maior fabricante de armas do Brasil, a Taurus, e a pelo menos outras duas lojas do ramo.

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