As eleições municipais de São Paulo deste ano estão sendo marcadas por polêmicas, e uma das mais graves envolve o candidato Pablo Marçal (PRTB), acusado de falsificar um laudo médico sobre o adversário Guilherme Boulos (PSOL). A divulgação do documento, que supostamente associava Boulos a um “surto psicótico” e ao uso de cocaína, foi rapidamente desmentida e resultou na abertura de um inquérito pela Polícia Federal. O episódio levanta questionamentos não apenas sobre a lisura do processo eleitoral, mas também sobre o futuro de Marçal como candidato.
Especialistas em direito eleitoral ouvidos pela CNN afirmam que, caso a falsificação seja comprovada, as consequências podem ser severas. Mesmo assim, há divergências sobre a possibilidade de prisão do candidato. Alguns advogados, como Arthur Rollo, acreditam que a pena mais provável seria a cassação do registro e do diploma, o que tornaria Marçal inelegível por até oito anos. Roberto Podval, outro jurista consultado, defende que a prisão é improvável, mas não descarta uma possível anulação da eleição se Marçal for condenado.
A gravidade dos fatos também pode impactar diretamente o andamento da eleição. Mesmo que o empresário avance para o segundo turno ou até vença, existe a possibilidade de que ele não possa ser diplomado ou assumir o cargo, caso seja julgado e condenado por abuso do poder de comunicação e disseminação de fake news. Nessa situação, a Justiça Eleitoral poderia convocar novas eleições para a prefeitura de São Paulo.
Outro ponto de destaque é a origem do laudo falsificado. O documento em questão foi assinado por um médico já falecido, e as investigações apontam que ele jamais trabalhou na clínica onde o laudo foi supostamente emitido. O dono da clínica, que já foi condenado por falsificação de documentos, possui vínculos com Marçal, o que torna o caso ainda mais comprometedor para o candidato do PRTB.
Enquanto as investigações continuam, Marçal segue na disputa, mas com uma campanha cada vez mais fragilizada. A divulgação de notícias falsas para tentar prejudicar adversários é um crime sério, que pode comprometer a integridade de toda a eleição e resultar em punições severas.
A eleição deste ano em São Paulo se transformou em um campo minado para Marçal, que agora enfrenta não apenas seus adversários nas urnas, mas também a Justiça Eleitoral e a opinião pública, que exigem respostas claras sobre o envolvimento de sua campanha em mais um escândalo de fake news. Seja qual for o desfecho, este caso já marcou a história política da cidade e acendeu o alerta para a importância da verificação de informações em tempos de eleição.
Por Crystopher Damasceno
Jornalista e Colunista