Em mensagem a Deltan Dallagnol, Moro deixou claro que era contra negociação conduzida pela Lava Jato para a delação de Eduardo Cunha, que atuou como artífice do golpe que resultou na queda de Dilma Rousseff

Eduardo Cunha recebendo caravana do MBL contra a “corrupção” (Arquivo/MBL)

Atuando como chefe dos procuradores da operação Lava Jato, o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, barrou em julho de 2017 a tentativa do Ministério Pública Federal (MPF) para um acordo de delação premiada com o ex-deputado Eduardo Cunha (MDB/RJ), preso após servir como artífice do golpe que resultou na queda de Dilma Rousseff da Presidência.

Segundo reportagem do site The Intercept em parceria com a revista Veja, divulgada nesta sexta-feira (5), Moro tomou conhecimento de “rumores” da negociação entre procuradores da Lava Jato e advogados de Cunha no dia 5 de julho de 2017.

Às 23h11, em uma conversa privada, Moro questiona Dallagnol sobre rumores da delação de Cunha e diz: “Espero que não procedam”.

Dallagnol minimiza e diz que estaria apenas programado um encontro com advogados do ex-deputado. “Acontecerá na próxima terça. estaremos presentes e acompanharemos tudo. Sempre que quiser, vou te colocando a par”, afirma.

Moro, então, reitera seu posicionamento, mesmo sem saber do conteúdo. “Agradeço se me manter (sic) informado. Sou contra, como sabe”. O acordo foi negado e Cunha não fez a delação.

Empolgação
Antes da sinalização de Moro, no entanto, a proposta de delação de Cunha gerou empolgação entre procuradores. Segundo a reportagem, em 12 de junho daquele ano, Ronaldo Queiroz, procurador da força-tarefa da Lava-Jato na PGR, criou um grupo no Telegram para avisar que havia sido procurado por defensores de Cunha.

Após membros do Rio de Janeiro serem incluídos no grupo, Queiroz posta uma mensagem que dá uma ideia de sua visão de mundo sobre a quantidade de honestos na Justiça e na política (uma visão de mundo compartilhada por muitos de seus colegas da Lava-Jato).

O procurador afirma esperar que Cunha entregue no Rio de Janeiro, pelo menos, um terço do Ministério Público estadual, 95% dos juízes do Tribunal da Justiça, 99% do Tribunal de Contas e 100% da Assem­bleia Legislativa.

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