Acordar amanhã.
Pegar a marmita preparada na noite passada e colocar na mochila.
Colocar os fones.
Ouvir alguns refrões no longo caminho.
Algumas horas até chegar no trabalho.
Chegando lá chega também a síndrome do impostor: “eu nem sou tudo isso.”
Scroll em fotos nas pausas do dia.
Ver o dia acabar.
Voltar para casa.
Trocar o jantar por uma saudade para me alimentar.
E nem sei bem que saudade é essa.
Ou sei e to fazendo tipo. Tem essas.

Dias estranhos.
A rotina faz a gente entrar em mecanismos que a gente discorda.
A risada plastifica. Tipo, eu nem quero rir mas meio que devo. “Ha ha, legal”.
Entrar em assuntos com vontade de sair.
Contratos da vida adulta.

Aí a gente conhece alguém que parece ter vontade de ajudar.
Mas aí a vontade parece acabar.
Alguém assim anima a gente, pega o peso dos dias e diz: “deixa eu dividir com você”.
O problema é que não dá para começar sabendo como vai ter terminar. A gente vai descobrindo a fase desse alguém com o passar dos dias.
E os dias passam e, muitas vezes, passam por cima da gente.
E aquele alguém que estava aqui até ontem, hoje nem lembra meu nome.
“Momentos diferentes”.
Filme repetido. Coisas assim.
Pior que eu entendo. Falei uma dessas já.

Com a falta de ter a quem me apegar, me apego a ideias.
Gosto de pensar que a vida tem ciclos por mais infinitos que pareçam durar.
Nada de novo, né? Mas a gente esquece demais de lembrar do óbvio.
Eu então nem se fala.
Tempos atrás vivi dias tão legais. Ainda que não seja tudo igual, o que aconteceu de bom pode voltar a acontecer.
Mas, e se não?
Puts, e se não?
Se não tudo bem.
Eu invento alguma coisa nova para colocar na marmita.
Vai ser bom experimentar.
Fazer a mudança começar por mim.
Amanhã acordar.

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