Dallagnol ainda atuou como lobista da Neoway junto à Procuradoria para tentar usar um dos produtos da empresa de tecnologia nas investigações da Lava Jato. “Vou até citar ele na palestra pra ver se sensibilizo kkkk”, disse sobre falar do presidente da Neoway na palestra

Deltan Dallagnol em palestra para bancos e empresas de cobrança (Reprodução)

Novas conversas divulgadas nesta sexta-feira (26) pela Folha de S.Paulo em parceria com o site The Intercept revelam que o procurador chefe da Lava Jato, Deltan Dallagnol, recebeu R$ 33 mil para dar uma palestra na empresa Neoway, citada em delação da Lava Jato por supostamente buscar vantagens para assinatura de contratos com a Petrobras.

“Isso é um pepino pra mim. É uma brecha que pode ser usada para me atacar (e a LJ), porque dei palestra remunerada para a Neoway, que vende tecnologia para compliance e due diligence, jamais imaginando que poderia aparecer ou estaria em alguma delação sendo negociada”, disse Deltan em conversa com procuradores, quatro meses após a palestra.

Segundo a reportagem – assinada por Flavio Ferreira, da Folha, e Amanda Audi e Leandro Demori, do Intercept -, além da palestra, Deltan buscou viabilizar o uso de produtos da empresa de tecnologia em um trabalho da Lava Jato, atuando como lobista da Neoway junto à Procuradoria da República.

Delação
A Neoway aparece nas delações do lobista do MDB, Jorge Luz, que disse, em 2016, ter atuado em favor da empresa em projeto de tecnologia da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras.

Apesar de o nome da empresa de tecnologia ter sido mencionado nos documentos da delação já em março de 2016, Deltan comemorou a realização da palestra para a companhia em uma mensagem enviada em um outro grupo de conversas dos procuradores dois anos depois, em março de 2018.

“Olhem que legal. Sexta vou dar palestra para a Neoway, do Jaime de Paula [presidente da empresa]. Vejam a história dele: [link para texto sobre Jaime de Paula]. A neoway é empresa de soluções de big data que atende 500 grandes empresas, incluindo grandes bancos etc”, disse.

O procurador da República Júlio Noronha, também integrante da Lava Jato, sugeriu então que Deltan procurasse marcar uma reunião com o presidente executivo da Neoway para tratar da obtenção de produtos para um projeto da Procuradoria denominado LINA (Laboratório de Investigação Anticorrupção).

”Top Delta!!! De repente, se conseguir um espaço para conversarmos com ele e tentarmos algo para trazer uma solução para agregar ao LINA, seria massa tb!”, disse Noronha.

Deltan concordou e afirmou que iria procurar agradar o empresário. “Exatamente. Isso em que estava no meu plano. Vou até citar ele na palestra pra ver se sensibilizo kkkk”.

Leia a reportagem na íntegra

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