Você deve amar. 
A gente deve amar. 
Amar de um jeito que nem os filmes contam. 
Como se nunca tivesse amado antes. 
E como se nunca mais fosse amar de novo. 
Você deve amar. 


 Mas você deve ter critério com o seu amor – e isso é uma coisa que uma vez aprendida jamais é esquecida, ou pelo menos deveria. 
Quando a gente se vê envolvido demais numa história, leva tempo para o cérebro funcionar. A perda da razão é abismo. 
O amor destrava uma série de sentimentos que a gente não controla. E ainda bem. 
Alguém que até ontem era ninguém passa a ser, praticamente, a principal pessoa da nossa vida. 
E é assim que problemas começam também. 
O maior perigo é a gente se perder e bradar por aí coisas como: “Te amo mais que eu”. 
Aí não. 
Aí tem alguma coisa de errado acontecendo. 

Já escrevi outras vezes sobre como o amor romântico é uma armadilha, uma vez que é desenhada a ideia de um amor quase sempre impossível por reunir ingredientes que a vida real afasta: dias só de alegria, declarações impactantes e provações em níveis cinematográficos. O amor romântico é uma promessa injusta até mesmo com o próprio amor que, como a vida, é cheio de dias bons e outros nem tanto, mas ainda assim é amor.  

Penso que amar incondicionalmente funciona apenas para a família – e, muitas vezes, nem com ela. Essa é a verdade.
A ideia de tentar convencer outra pessoa que o amor que você sente é único, vigoroso e eterno aponta para um disfarce de perda de amor próprio. Essa dinâmica confunde o quanto a gente gosta da gente, já que colocamos outra pessoa à frente de tudo o que vivemos e viveremos. A vida fica dependente. 

As pessoas vem e vão e você sempre ficará.
A gente não calibra o quanto ama, a gente só ama.
Mas a gente pode refletir sobre o significado do nosso amor.
E avaliar como queremos que seja vivido.

Em outras palavras, desista do discurso de amar incondicionalmente. Não perca você de você mesmo. Não faça do seu amor uma competição que premia alguém.  
 
É para amar. É para amar num nível que, puts, você vai pensar: “eu já senti isso antes?” E, provavelmente, concluirá que não e isso vai ser mágico. É para amar num nível que você vai se pegar dando risada sozinho lembrando da pessoa; num nível que você vai se ver cada vez mais animado com a ideia de viver dias e fazer planos. Um amor profundo, mas sem deixar de ser pé no chão. Essa paradoxo é o casamento da razão e emoção. Amor alimentado só de emoção é ilusão.
 
Isso não é uma ode contra o amor. Isso é um alerta sobre os cuidados com seus critérios para amar; um alerta para que avalie o tamanho do mergulho. Isso é, acima de tudo, um apelo a favor do amor real. O amor que se equilibra entre dias bons e ruins, que pode ter desentendimentos, mas é resolvido com muito entendimento e respeito. O amor que melhora a gente. Ter outra pessoa acompanhando a nossa vida para trocar energia e nos fazer aprender e ensinar é amor revigorante. 
 
Você deve amar.  
A gente deve amar. 
Mas antes de qualquer pessoa tem você. 
E você determina condições para que seu amor seja experimentado, transformado e compartilhado. 
Isso é sobre cuidar do seu coração e não esperar que alguém o faça.

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