O ministro recebeu críticas quanto à articulação e foi tirado do cargo. Ao longo dos 6 meses, viu acesso a Bolsonaro e influência caírem

Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles
Moisés Amaral/Metrópoles

Uma das críticas mais frequentes ao governo de Jair Bolsonaro (PSL) durante os 6 primeiros meses de governo foi a pouca – e falha – interação com o Parlamento. Quando nomeado ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS) recebeu a incumbência de articular com os parlamentares para garantir a aprovação de projetos do governo. Porém após o primeiro semestre marcado por fracassos no Congresso Nacional, o chefe do Executivo Federal mudou o comando e tirou Onyx da jogada, passando a responsabilidade para o ministro da Secretaria de Governo (Segov), general Ramos.

Enquanto líder da articulação entre o Executivo e o Legislativo, Onyx abriu as portas da Casa Civil 207 vezes para deputados e 33 para senadores. Governadores, prefeitos e vereadores foram recebidos 48 vezes pelo ministro. Ele deu preferência a partidos aliados ao governo e pouco conversou com a oposição ou mesmo com o Centrão – bloco que oscilava entre alinhamento com o governo e críticas pontuais a iniciativas e muitas vezes decide o destino de iniciativas do Planalto. O Metrópoles utilizou a agenda oficial do ministro para apuração dos dados.

No mesmo período em que se reuniu 42 vezes com deputados e senadores do PSL, partido do presidente, teoricamente necessitando de menos afagos para defender o governo, o ministro se encontrou apenas 9 vezes com a oposição, somando 3 reuniões com parlamentares do PT, 2 do PDT e 4 do PSB. O segundo partido mais recebido pelo ex-articulador foi o DEM, do qual Onyx é filiado. Foram 39 encontros com deputados e senadores da sigla ao longo do período.

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A deputada que mais se encontrou com Onyx foi Joice Hasselmann, do PSL, líder do governo no Congresso, com 13 reuniões de portas fechadas com o articulador. Em seguida, Major Vitor Hugo (PSL-GO), líder do Governo na Câmara, se encontrou 10 vezes com Onyx. O mesmo número de reuniões ocorreu com o líder do Governo no Senado, Fernando Bezerra, do MDB.

No primeiro semestre do ano, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia(DEM-RJ), foi ao encontro do ministro 6 vezes. Já o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), do qual Onyx tem proximidade, ocupou por 11 vezes a agenda do chefe da Casa Civil.

Em 3º lugar no ranking de reuniões com Onyx está o MDB, que tem jogado junto ao governo, com parlamentares visitando o chefe da Casa Civil por 34 vezes. Da mesma forma ocorreu com o PSD, ocupando o mesmo número de vezes a agenda do ministro.

Entre os partidos do Centrão, contudo, o que mais ocupou a cadeira de visitantes da Casa Civil foi o PR, com apenas 19 encontros com o ministro – média de quase exatos três encontros por mês no primeiro semestre. Em seguida, o PP foi recebido 14 vezes por Onyx, e o PSDB teve 13 reuniões. Existem 35 partidos políticos atualmente no Brasil. Destes, 25 foram atendidos pelo ministro.

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Além dos parlamentares, Onyx convidou algumas bancadas do Congresso para se encontrarem no Palácio do Planalto. No primeiro semestre, ele se reuniu com as bancadas do Ceará, de Goiás, do Nordeste, do Rio Grande do Sul e dos partidos Pros e Novo, uma vez cada.

A queda

É possível perceber pelos números a queda da influência de Onyx. Enquanto ele se reuniu 19 vezes com Bolsonaro em abril, em junho ele visitou o presidente apenas 3 vezes. Em maio, o encontro com o chefe ocorreu 6 vezes. Em fevereiro, o ministro se encontrou por 43 vezes com deputados de diferentes partidos. Em junho, foram apenas 23 reuniões marcadas.

A força de Onyx com colegas do Executivo também caiu bruscamente ao longo dos 6 meses. Em janeiro, ele se encontrou 55 vezes com ministros do governo. Em fevereiro, foram 56. Em março e abril, todavia, o número caíra à metade – 28. Em maio, é possível perceber uma intenção de aproximação de Onyx, se encontrando com os colegas de governo, com um salto para 41 vezes. Em junho, contudo, mês em que foi afastado da articulação, o número caiu para 11.

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